Bastou anunciar que faria uma viagem de férias e alguns colegas de trabalho se adiantaram, pedindo favores. Alguns queriam encomendar algo, geralmente difícil de ser encontrado, obrigando o turista a perder momentos preciosos da sua viagem para atender o pedido. Para completar, o pagamento seria feito mais tarde, em reais, ao receber a encomenda. Caras de pau! Muitos nem agradecem.
Pior, e mais arriscado, é aceitar levar algo para alguém que está fora do Brasil. “Meu primo adora farinha de copioba, pode levar um quilo para ele?” – afinal, o que custa levar um quilo de farinha? As encomendas variam, desde farinha e feijão preto, até cachaça brasileira, a autêntica, que não se encontra na Europa.
Muitos já devem ter passado por situações semelhantes e sabem que um simples pacote pode ser um transtorno para quem já viaja cheio de malas e maletas de mão.
E se o objeto não for tão inofensivo quanto parece?
Alguém aceita levar um embrulho numa viagem ao exterior, atendendo ao pedido de um conhecido. Não sabe o que o embrulho contém e, muito menos, a quem entregar a encomenda. Alguém esperaria no aeroporto de destino para receber o presente. Somente os inocentes, gente de muito boa fé, aceita prestar um favor desses. É bem provável que esteja sendo usado para transportar algo proibido, contrabando ou drogas, podendo ser preso antes mesmo de embarcar. Aposentados em viagem de turismo são os preferidos para este golpe e, muitas vezes, parentes próximos pedem os seus favores. Todos devem estar lembrados do casal de aposentados que foi preso no aeroporto de Londres tentando embarcar para o Brasil com um pacote contendo drogas. Fazia um favor para um amigo do filho. Até conseguir provar que não eram traficantes internacionais, sem falar no constrangimento, passaram por muitos aborrecimentos.
A bagagem despachada também pode ser um risco. Uma vez estava na fila do check-in e levava pouca bagagem, abaixo da cota permitida. Atrás de mim estava um cidadão, aparentemente com muita bagagem, e pediu-me para incluir uma de suas maletas entre as minhas. Isso evitaria que pagasse tanto excesso. Se aceitasse, passaria a maleta como se fosse minha e entregaria o ticket para que ele a retirasse quando chegasse ao destino. Para a companhia, o ticket era meu, estava ligado à minha passagem. Se a maleta fosse revistada e contivesse drogas, eu seria preso. Preso por fazer um favor a um estranho!