Prepare-se para as despesas extras do início do ano

Fim das festas, volta ao trabalho, e as contas começam a chegar. A fatura do cartão de crédito nunca esteve tão alta. Foram comprados presentes para toda a família. E o cheque especial? Aquele aumento de limite salvou o Natal, mas terá sérias consequências agora. Cartão de crédito e cheque especial são os vilões do orçamento doméstico e precisam ser evitados. Só devem ser usados em último caso e, assim mesmo, se a dívida puder ser liquidada de imediato, tão logo entre algum dinheiro. São ferramentas que foram criadas para salvá-lo de um aperto, nunca para ser um hábito de uso.  Só use em emergências.

Além das despesas extras que vão pipocar em janeiro por conta do Natal, há outras que sempre são cobradas nesta época, como o IPTU e IPVA. Quem tem filhos em idade escolar pode ir separando algum para matrículas e material escolar.

O IPTU vai aumentar 5,79% no Rio, com relação ao cobrado no ano passado. Em São Paulo o aumento será de 5,5%. O melhor é pagar à vista, se você puder, mas confira  se o desconto é menor do que 8%. Neste caso, parcele o pagamento. Compensa mais pagar à prazo.

O IPVA deve ser pago à vista. O parcelamento não compensa, a menos que você precise do dinheiro para pagar o cheque especial ou cartão de crédito.

Dívidas de cheque especial e cartão de crédito sempre devem ser pagas à vista. Tire  o dinheiro da poupança, faça um empréstimo a juros menores, mas não role esse tipo de dívida. Você será envolvido numa bola de neve. Os juros são superiores a 13% no cartão de crédito e tendem a subir. Os juros do cheque especial variam de banco a banco, mas beiram os 10%. A inflação, nossa velha conhecida, está viva e espera uma oportunidade para mostrar suas garras. Fique de olho. O importante é gastar menos do que se ganha, preferindo sempre ganhar antes para comprar depois.

Poupar ou gastar?

Costumo ouvir os comentários do Max Gehringer para a Rádio CBN. Sempre são objetivos e muito esclarecedores, orientando bem aos que enfrentam os mares bravios do mercado de trabalho.

Outro dia ouvi a gravação de um desses comentários. Era uma gravação, talvez de um programa antigo, não mais disponível no site da rádio, o que é uma pena. Falava da dúvida que temos ao decidir entre poupar ou gastar aquilo que ganhamos.

Max Gehrinher comentava um e-mail que recebeu de um ouvinte, já aposentado, que quando jovem aprendeu que deveria escutar os mais velhos, pela sua experiência, e que hoje, mais velho, ouve que os jovens são mais inteligentes. Conta ele que um desses gurus das finanças, jovem executivo, aconselha a poupança, e mostra por estatísticas matemáticas que abster-se de um cafezinho por dia representará uma economia considerável, no fim de 40, 50 anos. Cortar jantares em restaurantes, pizzas, viagens, roupas caras, ítens supérfluos, farão que sua conta bancária passe de um milhão de reais quando se aposentar.

Sabe o que esse dinheiro me permitiria fazer? – pergunta o ouvinte.

– Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com ítens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse   e tomar cafezinhos à vontade. Por isso, sinto-me feliz em ser pobre, gastei meu dinheiro com prazer e por prazer e recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário, eles chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.

Está certo o ouvinte. Devemos viver o dia de hoje (Carpe Diem). Claro que devemos poupar uma parte do que recebemos. No futuro, distante ou próximo, poderemos precisar. Mas não devemos deixar de viver para juntar, juntar e juntar. Nosso corpo tem data de validade. Um dia a vida acaba. Para que acumular fortunas? Para deixar aos herdeiros? Estes também terão capacidade para trabalhar e ganhar seu sustento. Além disso, após a morte, na segunda geração você nem será lembrado. Quantos sabem os nomes de seus bisavós? O que faziam eles? De que gostavam? Como viviam? Lembre-se que, um dia não muito distante, você será um desses bisavós anônimos e desconhecidos. Resta a você decidir como terá vivido a vida na Terra.

Ouça:

Viver ou juntar dinheiro