Rio de Janeiro 1936, The City of Splendour
Documentário de James A. Fitzpatrick‘s da série “Traveltalk” (“The Voice of the Globe“), filmado em 1936.
Imagens de um Rio não tão antigo, mas de uma época em que o Rio ainda podia ser chamado de “Cidade Maravilhosa“. Quase oitenta anos se passaram desde que essas imagens foram feitas e, de lá para cá, muita coisa mudou. A destruição atingiu o pavilhão Mourisco, em Botafogo, o Palácio Monroe, os edifícios da Av. Rio Branco, a Casa Mauá. As imagens falam mais do que mil palavras.
O Palácio Monroe – Por que foi demolido
Uma mentira, várias vezes repetida, acaba virando verdade. Tem sido assim a respeito dos motivos que levaram o Palácio Monroe a ser demolido.
De início começaram a dizer que o Metrô foi o responsável. Houve o desmentido, mas não houve interesse em preservar a verdade, principalmente porque O GLOBO foi um do que apoiaram a demolição.
Esta foto mostra claramente que o Metrô realizou um trabalho de engenharia magnífico, desviando do Monroe. Não havia necessidade de demolir aquele símbolo da nossa cidade, que lá estava desde 1904.
Uma vingança pessoal contra o filho do general Francisco Souza Aguiar, que projetou o palácio para a Exposição Internacional de Saint Louis, em 1904, levou o general presidente Ernesto Geisel a ordenar a demolição.
Após a exposição o Palácio foi reconstruído no Rio de Janeiro, sendo este o primeiro edifício oficial inaugurado na Avenida Central, em 1906.
O nome foi uma homenagem ao Presidente americano James Monroe, por sugestão do Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores. Monroe foi o criador do Pan-Americanismo e, naquele local, realizou-se a Terceira Conferência Pan-Americana.
A campanha para a demolição do Palácio Monroe começou em 04/07/1974 pelo jornal “O Globo”, com a justificativa de que o edifício atrapalharia o trânsito e a construção do metrô. Segundo O GLOBO, aquilo era uma mera cópia, desprovido de qualquer valor artístico.
O Metrô fez de tudo para preservar o monumento, mas vivíamos em uma época sem liberdade, com os anos de chumbo em um de seus piores períodos. A influência do GLOBO sobre a opinião pública era muito grande, além de contar com o apoio do arquiteto Lucio Costa, um dos baluartes da arquitetura moderna. E assim o Palácio Monroe foi demolido.
Em 11 de outubro de 1975, o Presidente Ernesto Geisel autorizou o Patrimônio da União a providenciar a demolição do Palácio Monroe.
Foi com grande frustração que os técnicos da Companhia do Metrô viram que todo o sacrifício tinha sido em vão, todo o cuidado e tecnologia empregados foram ignorados e na Praça Mahatma Gandhi, no local onde outrora se localizava o Palácio Monroe, foi colocado um chafariz.
E a cidade do Rio de Janeiro ficou um pouco menos maravilhosa. Pouco a pouco fomos perdendo símbolos, como os palácios Monroe e Mourisco, que ainda poderiam estar em seus lugares, sem incomodar ninguém.