Teste da injeção eletrônica do Corsa

Um dos problemas mais comuns que ocorrem com o Corsa, carro da GM, é a pane na marcha-lenta sem razão aparente. A internet está cheia de narrativas, onde proprietários são surpreendidos com uma aceleração repentina, que pode continuar ou desaparecer assim como veio. Geralmente isso ocorre em modelos mais antigos, quando sensores já estão sujos ou apresentando defeitos.

 

Os sensores, localizados em várias partes do motor, são os responsáveis por obter e passar informações para o módulo que comanda a injeção eletrônica. A injeção eletrônica substitui o antigo conjunto de carburador, platinado e condensador, que era regulado manualmente e funcionava satisfatoriamente, sendo de manutenção mais fácil. Não olho com simpatia para esses sistemas eletrônicos, aos quais se dão tantos poderes, pois acredito que falha em sensores podem ter feito cair o avião da Air France sobre o oceano, no ano passado.

Mas temos que nos adaptar ao modernismo, apesar de discordar, como expliquei, da falta de opções para assumir o comando manualmente.

O Corsa que vemos neste exemplo possui uma luz amarela que acende quando a injeção eletrônica acusa alguma falha, que pode ser grave, ou não. Por isso é amarela, não impedindo o uso do veículo. As luzes vermelhas dizem ao motorista que o problema é grave e que o veículo deve ser parado imediatamente.

Luz de I.E.

No caso que vamos analisar, após a marcha-lenta disparar, chegando a quase 4000 rpm, quando o normal seriam 900 rpm, a luz da injeção permaneceu acesa. E assim continuou, mesmo quando a marcha-lenta, espontâneamente, voltou ao normal.

O motorista deveria levar o carro a uma oficina para ser feito o teste do scanner, que lê as informações registradas no módulo e identifica a causa do problema.

Nem sempre é possível passar o scanner. Muitas vezes o defeito aparece em lugares distantes de qualquer oficina de confiança. Então, cabe ao motorista executar um teste que o ajudará a identificar as causas do problema.

O sistema de injeção do Corsa permite a realização de um teste rápido e fácil, utilizando os sinais que a lâmpada da injeção eletrônica vai emitir com suas piscadas, para identificar o problema. Trata-se do teste do código lampejante. A luz piscará em sequência, representando algarismos, que devem ser anotados para formar números de dois algarismos, como 12, por exemplo.

Como fazer:

Caixa de fusíveis

Caixa de fusíveis

O primeiro passo é, com o carro desligado, abrir a caixa de fusíveis e localizar, do lado esquerdo, o conector de diagnóstico. Os modelos mais antigos, até 1999, usam o modelo ALDL de 10 pinos, como o da foto. Os mais recentes utilizam o modelo OBD-II. Com um pedaço de fio, jampeie com cuidado os dois contatos, conforme indicado abaixo. Seja delicado para não danificar os contatos.

conectores de diagnóstico

conectores de diagnóstico

Feito isso, gire a chave de ignição sem ligar o motor. A luz começará a piscar em sequência lógica. Vá anotando. Haverá uma sequência seguida de uma pausa curta. É o algarismo da dezena. Em seguida mais uma sequência, seguida de uma pausa lenta. É o algarismo das unidades. Assim:

PISCA PISCA PAUSA CURTA – PISCA PISCA PISCA PISCA PISCA PAUSA LONGA

Representando os algarismos  2  e 5.

Se perder, não se preocupe. Cada código é repetido três vezes antes de passar para o próximo, se houver. Quando o primeiro resultado for repetido, é sinal de que não há mais erros a apontar e o sistema passou a repetir as informações.

Neste caso, pode desligar a chave, retirar o fio, fechar a caixa de fusíveis, e procurar o defeito na tabela que se segue:

12 Sem sinal de rotação
13 Circuito de O2 aberto
14 Sensor de temperatura do motor (ECT) – Tensão baixa
15 Sensor de temperatura do motor (ECT) – Tensão alta
19 Sinal incorreto do sensor de RPM
21 Sensor de posição de borboleta (TPS) – Tensão alta
22 Sensor de posição de borboleta (TPS) – Tensão baixa
24 Sem sinal do sensor de velocidade (VSS)
25 Falha na válvula injetora – Tensão baixa
29 Relé da bomba de combustível – Tensão baixa
31 Falha no teste do sistema EGR
32 Relé da bomba de combustível – Tensão alta
33 Sensor de pressão absoluta do coletor (MAP) – Tensão alta
34 Sensor de pressão absoluta do coletor (MAP) – Tensão baixa
35 Falha no controle da marcha-lenta
41 Falha na bobina dos cilindros 2 e 3 – Tensão alta
42 Falha na bobina dos cilindros 1 e 4 – Tensão alta
43 Falha no circuito do sensor de detonação (KS)
44 Sonda lambda indica mistura pobre
45 Sonda lambda indica mistura rica
49 Tensão alta de bateria- sinal acima de 17,2 volts
51 Falha na unidade de comando ou na EPROM
55 Falha na unidade de comando
63 Falha na bobina dos cilindros 2 e 3 – Tensão baixa
64 Falha na bobina dos cilindros 1 e 4 – Tensão baixa
66 Falha no sensor de pressão do ar condicionado
69 Sensor de temperatura do ar (ACT) – Tensão baixa
71 Sensor de temperatura do ar (ACT) – Tensão alta
81 Falha na válvula injetora – Tensão alta
93 Falha no módulo “Quad Driver” U8
94 Falha no módulo “Quad Driver” U9

TPS

O primeiro código de erro, com certeza, será o 12. Indica falta de sinal de rotação. É normal, pois o motor estará desligado neste momento.

Em seguida aparecerá o código de erro que fez com que a marcha-lenta disparasse e a luz acendesse.

No caso em que testei a segunda dezena foi a 21, Sensor de posição de borboleta (TPS) – Tensão alta, que deve estar com mal contato, sujo ou defeituoso. Na foto ao lado ele aparece na parte superior, bem no centro,  à direita do atuador de marcha-lenta.

Pode, também, não ser nada disso, como disse o meu mecânico de confiança, contatado por telefone. O diagnóstico não é 100% confiável.

De qualquer maneira, uma série de outros fatores já podem ser descartados e um mecânico experiente tem meios para acabar com o problema, partindo do sensor indicado.

Motor do Corsa Sedan 1998

Referência: Corsa Clube do Brasil

Blitz eletrônica do IPVA

O governo do Estado do Rio implantou um novo sistema de fiscalização. Trata-se da blitz eletrônica de IPVA. O veículo passa por um dispositivo que lê os caracteres  da placa e os envia ao computador. Em questão de segundos o banco de dados é consultado e devolve o parecer relativo à situação do veículo. Se houver débitos de IPVA, o veículo será apreendido e levado para o depósito, de onde só sairá após o pagamento dos impostos, multas, taxa de reboque e hospedagem.

Nas blitz anteriores o devedor contava com o fator sorte, quando poderia ser parado, ou não. Por isso vemos tantos carros circulando com IPVA vencido. Com o novo sistema ficará difícil escapar de uma blitz, já que todos os veículos serão fiscalizados.

Outro dia anotei, por curiosidade, a placa de um veículo particular que fazia transporte escolar. Embora não seja transporte escolar legalizado, isso é praticado por muitas pessoas que procuram alternativas para aumentar a renda familiar. Consultei a placa no site do Detran e fiquei estarrecido ao constatar que o último IPVA foi pago em 2004. São seis anos de débitos, o que justifica apreensão imediata do veículo, sem qualquer discussão.

Os pais dessas crianças não sabem o risco que elas correm. Além de usar um transporte não legalizado e fiscalizado, com normas especiais para o transporte de crianças, ainda podem encontrá-las a pé, em uma dessas blitz, após a apreensão do transporte que as levaria à escola.

É muito importante que os pais façam o papel de fiscal e só entreguem seus filhos a quem, de fato, se responsabilize por eles. Não custa nada acessar o site do Detran e pesquisar a situação do veículo.