A gente não precisa aprender da forma mais difícil

Por Iza Bel

Infelizmente, o ser humano valoriza tudo que tem quando se vê em uma encruzilhada. A possibilidade de perder algo ou alguém é o que nos faz ter medo. O beijo que você deu em quem ama pela manhã pode ter sido o último. Mas, ocupados e cegos, não paramos para pensar nisso. Posso morrer ao atravessar a rua. Posso descobrir uma doença incurável. Posso sofrer com dores avassaladoras. Ou posso viver muitos e muitos anos sem valorizar quem tenho na vida.

Iza Bel

Não é à toa que quem fica muito doente passa a enxergar a vida com outros olhos. Olhos mais puros, talvez. Olhos mais francos, certamente. Olhos mais vivos, pode crer. Quem adoece não quer perder um segundo. Quer amar, conhecer o outro e a si mesmo, deixar algo para os dias que virão. Me pergunto: temos que sofrer para aprender? Não podemos valorizar o simples e o comum sem dor?

Por que você não se preocupa com o outro, com o mundo, com a sua saúde física e mental, com a sua alma, com a natureza e com tudo que te cerca hoje? Por que uma tragédia precisa acontecer para você dar importância para as coisas? Por que você não pensa que pode ajudar as pessoas doando sangue? Por que você não pega uma cartinha nos Correios e ajuda uma criança? Por que não visita Lar de Idosos e Orfanatos levando aquelas pessoas uma palavra doce, um sorriso, um afago n’alma? Por que você não diz para a sua família que quando morrer quer doar seus órgãos? Por quê?

A gente precisa, com urgência, deixar o egoísmo de lado. Olhar para a vida e enxergar o que está ao nosso redor de fato. Sem véu, sem máscara, sem make up. Olhar nu, olhar cru, olhar limpo. E entender que a luta é diária. Que nem sempre é fácil viver. Que tropeços virão, sim. Que apesar de tudo vale a pena. E que a gente não precisa aprender da forma mais difícil e dolorosa.

 

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