Estou há dois dias amadurecendo esta dica, pensando no que dizer e, principalmente, no que não dizer. É um assunto polêmico até para quem adora motos como eu, mas que não se cansa de desaconselhar o seu uso.
A falta de segurança é o fator que mais pesa contra. A favor temos a grande mobilidade no trânsito, preços baixos de aquisição em comparação a outros meios de transporte, manutenção barata, e o prazer de dirigir, principalmnte nos finais de semana, com a namorada na garupa.
Os jovens preferem as motos pela possibilidade de deslocamento rápido entre casa e trabalho, vencendo os engarrafamentos, ao custo equivalente das passagens de ônibus. Além disso, a moto permite passeios nas horas de folga e uma enorme sensação de liberdade.
Os dias de chuva são terríveis. Além de molhar o motociclista, a chuva torna as pistas perigosas, escorregadias, cheias de armadilhas, com buracos escondidos pelas poças que se formam.
As linhas de pipa, cobertas por cerol, podem ferir o motoqueiro e levá-lo à morte. Já existem antenas que pescam a linha e a cortam, antes que cheguem ao pescoço da vítima.
Ontem presenciei uma cena terrível e por muito pouco não me envolvi em um acidente sério. Nestas horas vemos a importância de praticar a direção defensiva, mantendo distância do veículo da frente. Vinha dirigindo meu carro pela Niterói-Manilha, na velocidade máxima permitida (100 km/h) e, mais a frente, seguia uma moto pequena, talvez 125 cc, levando o motociclista e uma moça na garupa. A cena foi rápida: aparentemente sem motivo a passageira caiu da garupa, projetando-se de costas no asfalto. Eu vinha atrás, mantendo distância, e surpreendi-me com a velocidade com que ela se levantou e correu para o concreto que divide as pistas, onde se apoiou, coberta de sangue, demonstrando estar cheia de dores. Neste momento o motociclista foi para o acostamento e muitos veículos pararam para prestar socorro. Vários objetos ficaram espalhados na pista, dando a impressão de que ela estava com as mãos ocupadas, talvez vindo das compras, e não se segurou como deveria.
Poderia relatar dezenas de acidentes que, pelas características do veículo, sempre causam ferimentos sérios nos passageiros. Todos estão cansados de saber de casos trágicos, acontecidos com amigos e conhecidos. Ainda na área da segurança, o grande risco talvez seja o de ser assaltado. Bandidos escolhem as motos pela facilidade de fuga e pela possibilidade de utilizá-la em roubos e assaltos. Um amigo desistiu da sua motocicleta após ter sido ameaçado por ocupantes de outra moto que, armados, queriam roubá-lo. Por sorte conseguiu escapar, mas tratou logo de comprar um carro.
Fica o conselho. Não vou chamar este artigo de dica, embora talvez até seja. Sua vida é o seu bem mais precioso e já está correndo riscos permanentes. Para que agravá-los? Pense nisso!