Colaboração de Lu Dias (BH)
A polêmica sobre celulares emitirem ou não radiações no organismo trouxe mais segurança para seus usuários, após o estudo publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em maio passado.
A OMS chegou à conclusão de que o uso de tais aparelhos, num período de até 10 anos, não aumenta o risco de tumores cerebrais. Contudo, a americana Devra Davis acaba de lançar um livro, Desconnect, em que contesta tais pesquisas. Inclusive ela cita a pesquisa do brasileiro Álvaro Salles, um dos maiores especialistas no assunto, que admite a absorção de 60% a mais irradiação nas crianças de até 10 anos em comparação com os adultos.
Ela diz que usa celular, mas se protege usando fones de ouvido com ou sem fio e nunca o usa colado ao ouvido, pois é preciso mantê-lo a alguns centímetros de distância da cabeça. Embora não sejam práticos, para falar na rua, é preciso preservar o cérebro das microondas emitidas pelo aparelho. Tampouco o carrega no bolso e, quando não o está usando, carrega-o na bolsa. Diz ainda, que o uso de fones de ouvido é uma recomendação da FCC (Agência Americana de Telecomunicações) a todos os fabricantes de celulares. Mas, por conveniência, eles fazem ouvidos moucos, de modo que a recomendação não vem no manual do produto, como deveria. No guia de informações de segurança do site do produto encontra-se a recomendação de não colá-los ao ouvido.
Para corroborar as palavras de Devra Davis, basta lermos o Guia de informações importantes do produto do iPhone 4, da Apple, onde podemos ler que “ao usar o iPhone perto de seu corpo para chamadas ou transmissão de dados (…), mantenha-o ao menos 15 milímetros afastado do corpo, e somente use porta-celulares e prendedores de cinto que não tenham partes de metal e mantenham ao menos 15 milímetros de separação entre o corpo e o Iphone”. Ou seja, o espaço exigido refere-se a qualquer parte do corpo, mesmo quando se usa porta-celulares. A Nokia, com seu E71 aconselha um espaço de 22 milímetros. E, para o BlackBerry a distância sugerida é de 25 milímetros.
Segundo Devra, os celulares emitem e captam ondas de rádio. Essas ondas variam de potência, sendo que as maiores são as de raio X, que podem danificar o DNA das células dos seres vivos. E que, embora a potência de radiação de um aparelho de raio X seja bem maior do que a de um celular, o tempo de manuseio desses, principalmente junto aos neurônios cerebrais, é o complicador. O perigo encontra-se no poder acumulativo de radiação, capaz de alterar uma célula normal numa cancerosa. Basta fazermos uma continha, para termos noção do tempo, que usamos o celular (horas por dia x meses x anos).
A escritora levanta no seu livro um grande número de estudos científicos, provando o perigo do uso de celulares. Segundo ela, o cientista brasileiro, Álvaro Salles, comprova que a exigência da FCC de que os aparelhos devam operar dentro do limite máximo de 1,6 watt por quilo de tecido humano só é seguro para os adultos. Em crianças de até 10 anos, a pesquisa revela que o aumento de absorção de radiação chega a 60%, uma vez que o limite por quilo é bem menor. À medida que a criança vai encorpando, a porcentagem vai decrescendo.
Conclusão: Crianças menores de 10 anos não devem usar celular. E, se levarmos em conta a forma como o FCC calculou o limite de 1,6 watt para operação de tais aparelhos, os pequenos e os magros devem tomar muito cuidado.
Fonte de pesquisa: Revista Época/ 23 de agosto de 2010